Aprendizados e reflexões sobre MAID

Aprendizados e reflexões sobre MAID

Uma análise de MAID, trazendo aprendizados e reflexões sobre abuso, emancipação e os novos mínimos

MAID (2021), Netflix

Baseada em uma história real e em um livro de mesmo nome, MAID é um retrato sensível da jornada de Alex, uma jovem mãe, em sua luta para se libertar de um relacionamento abusivo. 

A seguir, trarei aprendizados, percepções e sinais que captei na série e que podem ajudar outras mulheres

Aprendizados e reflexões sobre MAID

1. Vocês já perceberam como homens abusivos, muitas vezes, recebem o apoio que deveria ser direcionado à vítima? 

Família, amigos, Justiça, polícia e até desconhecidos acolhem e perdoam o homem acusado com uma facilidade…

2. Mulheres sozinhas dificilmente se libertam de relacionamentos abusivos e da miséria. Violência e pobreza materna são problemas sociais. Portanto, políticas públicas e rede de apoio são necessárias. 

3. Impossível falar em feminismo e em opressão feminina sem falar em interseccionalidade.

No caso de Alex, ela é oprimida por ser mulher, mãe, pobre e não ter acesso ao ensino superior ou a uma estrutura familiar saudável. Se ela fosse uma mulher negra ou trans, por exemplo, essas opressões se somariam a todas as outras. 

4. Precisamos repensar o “mínimo” que pessoas precisam ser e fazer para serem legais

Alex demora a entender que Sean é abusivo porque ele trata Maddie (filha) bem e trabalha. Isso deveria ser suficiente? 

5. Quando o nível do “mínimo” é muito baixo, o “máximo” torna-se extremo. Se isso não mudar (logo), mulheres como Alex continuarão se sentindo impostoras ao pedir ajuda. 

“Ah, ele grita, controla meu acesso ao dinheiro, me causa medo, joga coisas perto de mim… mas ele não me bate e nunca forçou o sexo.” 

6. “É só denunciar” simplifica um problema que não é simples, culpabiliza a vítima e ignora questões como: dependência emocional e financeira, maternidade, falta de políticas de acolhimento e de rede de apoio. 

Relações abusivas e a série MAID – 8 sinais de ALERTA!

1. Medo.

Sentir medo do seu parceiro não é normal. Alex, por exemplo, espera Sean chegar bêbado e se esconde, noite após noite, no quarto de Maddie.  

2. Isolamento.

Alex descobre após o término que não tinha nenhum amigo e que até o seu pai apoiava Sean.  

3. Controle financeiro.

Poucas coisas são tão perigosas para uma mulher do que não ter independência financeira.  

4. Eterno sentimento de dívida.

Nada que você faça é suficiente. Você está sempre errada e devendo algo.  

5. Chantagens e ameaças.

“Se você fizer isso, eu…”

6. Humilhação. 

Não há espaço para humilhação em relacionamentos saudáveis. 

7. Montanha-russa de emoções. 

O que o cinema chamaria de “intenso”, muitas vezes é ciclo do abuso mesmo. Tensão, explosão, arrependimento, lua de mel

8. A filha é sua! 

Um padrão comum de homens abusivos é usar os filhos para impossibilitar que as mulheres sejam financeiramente independentes. Eles também depositam na mãe a responsabilidade por todo o cuidado. A não ser, é claro, que essas mulheres queiram deixá-los. Aí, como Sean, viram paizões e ameaçam tomar a guarda dos filhos. 

para saber mais…

Para uma análise completa, ouça também o último episódio do podcast “Olá, bruxas” no Spotify (@olabruxas no instagram). Lá, abordei: maternidade X paternidade; classe social; ciclo de abuso; padrões e sinais de violência; o que faz um abusador; rede de apoio e família; “é só deixar o cara?”; sororidade e o papel do Estado na emancipação feminina.   

Tudo sobre socialização feminina”, a 2ª temporada, será lançado ainda nessa semana e terá como convidadas Bruna Tavares, Manuela Xavier, Marcela Mc Gowan, Julia Konrad e outras mulheres maravilhosas. Não deixe de conferir!


Você já viveu (e saiu de) uma relação abusiva? Já assistiu à serie MAID? Me conte nos comentários sobre quais aprendizados e reflexões a série lhe trouxe! 

Compartilhe essa análise e ajude a despertar, acolher e alertar outras mulheres. 🧙‍♀️🗣

Acompanhe também @clarafagundes para mais conteúdos sobre séries e feminismo.

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27 anos, nordestina em SP, publicitária graduada e pós graduada pela USP, escritora e apaixonadíssima por moda, cinema, viajar e sorvete. Fico entediada bem rapidinho com as coisas, então, costumo fazer várias ao mesmo tempo. Vivo à procura de encanto.

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