O couchsurfing é uma forma única de viajar. Uma experiência transformadora que se baseia na solidariedade entre pessoas completamente desconhecidas e na vontade de se tornarem, quem sabe, amigas para a vida.
Mas o que é “Couchsurfing”?
Se você nunca ouviu falar disso, eu explico: couchsurfing é uma forma de hospedagem. O site (e aplicativo) de mesmo nome funciona como uma rede social de viajantes que querem fugir um pouco do método tradicional de viagem. Através do site, pessoas oferecem um sofá (daí o nome, surf de sofá, em uma tradução muito livre) para outras que procuram hospedagem. Mas não se engane, couchsurfing não deve ser interpretado como apenas um meio barato de viajar. É também uma forma de economizar com hospedagem, mas é principalmente uma maneira de conhecer pessoas do mundo todo com interesses parecidos com os seus.
A interação entre quem viaja e quem hospeda é essencial para a experiência ser completa. É claro que você não precisa passar todo o tempo com seu host, mas conhecê-lo melhor faz parte do pacote. Até porque ao utilizar a rede social é preciso fazer um perfil detalhado contando sobre você, seus interesses, suas experiências passadas etc. A partir disso é que a pessoa vai decidir se aceita recebê-lo ou não. Afinal, ninguém quer ter em sua casa alguém com quem não tem nada em comum.
Vantagens do Couchsurfing
Uma das principais vantagens do couchsurfing é aproveitar as dicas que só um morador local pode te dar e fugir um pouco dos pontos turísticos mais abarrotados. Eu, por exemplo, fui com meu host em Amsterdam para um dos bares mais legais que eu já estive na vida, bem longe da confusão turística – tão longe que cheguei a pensar que estava sendo sequestrada. Ou seja, jamais chegaria lá sem a ajuda de um local. Em Dublin eu entrei na famosa e disputada biblioteca da Trinity University sem pagar e sem pegar fila, graças à minha host, que estudava lá e podia levar convidados.
Eu disse que o couchsurfing era um site, certo? Mas o brasileiro, como esse povo maravilhoso que é, já criou suas alternativas. No facebook há diversos grupos para viajantes brazucas que querem se hospedar com seus conterrâneos. Aqui é possível que a interação seja menor, mas a solidariedade é imensa. Além de hospedagem esses grupos costumam conter muitos pedidos de socorro de viajantes passando pelos inevitáveis perrengues, e em dois dias já é possível observar quanto o brasileiro é capaz de ajudar. O mais famoso entre os jovens é o “Couchsurfing – CSF”, criado pelos intercambistas do Ciências Sem Fronteiras, mas que abriga também muitas outras pessoas. Há também grupos divididos por ano do programa, por continente, Couchsurfing LGBT e meu preferido, o Couchsurfing das Mina.
Reforço que acima de tudo o couchsurfing é uma experiência de troca muito rica. Recomendo muitíssimo para quem viaja sozinho. Eu mesma acho que teria enlouquecido em 40 dias viajando sozinha se não tivesse passado pelo menos 20 deles sendo acolhida pelas mais diferentes pessoas com quem eu podia trocar uma ideia antes de dormir, me sentir parte do grupo, como em Brighton na Inglaterra ou ter discussões profundas sobre a vida, drogas e psicologia, como em Liverpool.
Desvantagens do Couchsurfing
Mas como eu não gosto de romantizar as coisas, vejo-me na obrigação de mencionar também algumas desvantagens. A primeira e, para mim, maior delas é que quando você se hospeda na casa de alguém passa a depender muito daquela pessoa. Por isso, acaba tendo que planejar seus dias de acordo com os horários do seu host. Além disso, conforto e privacidade nem sempre estão incluídos na estadia, principalmente quando você encontra hosts pelos grupos do facebook.
Foram muitas as vezes em que eu dormi no chão, apenas com meu saco de dormir e dividindo um espaço de não mais do que 9m2 com meu host. No entanto, eu estava disposta a passar por isso para poder economizar uma graninha, ter a praticidade de não ter um horário de check out, o conforto de uma cozinha para fazer minha janta e não ter que comer fora e ainda contar com companhia. Mas não desista, se você não está disposto a encarar esse tipo de perrengue pode encontrar também pessoas que tenham uma estrutura melhor.
Para mim o que fica é o sentimento de solidariedade e a confiança que as pessoas ainda têm umas nas outras. Afinal, abrir as portas da sua casa para um completo desconhecido não é fácil nos dias de hoje. Depois de receber alguns surfers na minha casa e de muito surfar em sofás, colchões de ar, camas e chãos por aí tenho a certeza de que minha experiência como viajante foi transformada de alguma forma e meu olhar sobre as cidades por onde passei foram afetados pelo couchsurfing, em geral muito positivamente. Dê uma chance você também!
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