Com vocês, os melhores filmes de 2016
Chegou aquela época do ano de olhar para os últimos meses e pensar no que eles nos trouxeram de melhor. 2016 foi um ano bem montanha-russa, com muitos altos, baixos e reviravoltas. Nesse ano tão polêmico, uma coisa certamente se destacou para o bem: o cinema. Escolher os melhores filmes de 2016 foi uma tarefa árdua, simplesmente porque eram muitas as boas opções. O último ano assim, tão iluminado cinematograficamente, foi 2013, com os incríveis “Azul é a cor mais quente”, “Ninfomaníaca”, “Amor”, “A espuma dos dias”, “Questão de Tempo”, “The Way Way Back”, “A caça”, “Beasts of the Southern Wild”, “This is the end” (a comédia que mais me fez rir na vida)… Sinto que vou lembrar de 2016 daqui a uns tempos com o mesmo calorzinho no coração cinéfilo com que me lembro de 2013.
O quê? Você não sentiu isso? Tudo bem, listei os 10 melhores filmes de 2016 para espalhar essa sensação boa por aí, já que muitos deles não chegaram às maiores redes de cinema. Mas não se preocupe: estão todos disponíveis na Netflix, no Stremio, no Popcorn Time e nos torrents da vida. Como toda lista aqui do Declara, essa não é uma seleção escrita na pedra, já que, como disse, eram tantas as opções que outras alternativas também seriam merecedoras de um ranking. Deixe seus pitacos nos comentários e diga: qual ou quais filme(s) eu não coloquei na lista e você colocaria?
TOP 10 Melhores filmes de 2016
Hunt for the Wilderpeople (A Incrível Aventura de Rick Baker)
País: Nova Zelândia.
Roteirista de Moana, nova animação da Disney, e diretor do próximo filme de Thor, o neozelandês Taika Waititi dirigiu e roteirizou uma obra-prima. “Hunt for the Wilderpeople” não é só um dos melhores filmes de 2016, como é um dos melhores filmes que vi na vida. Conta a história de Rick Baker, órfão rebelde que é adotado pelos caipiras Bella e Hec. Amado pela primeira vez na vida, Rick finalmente se permite ser quem é: um amor de menino. Mas esse não é um dramalhão e nem um filminho meloso de sessão da tarde. Pelo contrário, como bem indica o nome em português, é uma incrível aventura! Se você gosta de UP e de Moonrise Kingdom, vai amar esse filme. Digo mais: para mim, “Hunt for the Wilderpeople” é melhor do que Moonrise. Você vai acompanhar o bruto Hec e o hilário Rick fugindo do mundo no meio da mata neozelandesa por meses, enquanto se arma uma verdadeira caça humana à dupla, já que as pessoas foram levadas a acreditar que Hec sequestrou o menino. Eles, é claro, se afundam cada vez mais nessas acusações.
Te desafio a não chorar de rir com esse filme. Sem mais. Próximo!
Captain Fantastic (Capitão Fantástico)
País: EUA.
Dirigido por Matt Ross (da série Silicon Valley), “Captain Fantastic” é uma análise lindíssima da sociedade em que vivemos. Ben, pai de 6 crianças e adolescentes, decide fugir da civilização e criar todas no meio da floresta. As suas habilidades físicas e intelectuais são testadas diariamente, entre treinos e debates sobre clássicos da literatura. Além de lindo como história, o filme é visualmente perfeito, com uma das melhores fotografias de todo o ano. Muitas cores e em uma atmosfera de sonho, a fotografia conversa com as questões levantadas: existe um jeito certo de viver a vida? Ou o jeito certo vai ser simplesmente o que fizer cada um dormir tranquilo à noite? As últimas cenas desse filme são de uma magnificência de fazer prender a respiração.
Arrival (A Chegada)
País: EUA.
Um dos raros melhores filmes de 2016 que chegaram ao circuito “comercial”, “A Chegada” é o melhor filme de ficção científica dos últimos anos. Denis Villeneuve, que também dirigiu o decepcionante “Homem Duplicado” e o incrível “Prisoners”, fez, em Arrival, seu melhor trabalho até agora. Queria dizer que não sou fã de filmes com alienígenas e nem de ficções científicas. Então, quando coloco “A Chegada” entre os melhores filmes de 2016 é porque ele é um filme fascinante em todos os níveis e não apenas comparado a outros do gênero. A sinopse é: doze naves desconhecidas chegam em locais espalhados do mundo e os humanos tentam se comunicar com os forasteiros. Amy Adams, no papel da protagonista Louise Banks, alcança o auge da sua carreira. O curioso desse filme é que é uma ficção científica de Humanas (!), pois todo o filme gira em torno da linguagem. “Arrival” é uma parábola perfeita do mundo moderno, inclusive um lembrete de como devemos nos unir como nações de um mesmo planeta. A temporalidade do roteiro é cíclica, como a linguagem palíndroma (“circular”, pois tem significados iguais se lida de qualquer um dos lados) dos alienígenas. A trilha sonora de Jóhann Jóhannsson merece o Oscar.
Amores Urbanos
País: Brasil.
Dirigido por Vera Egito, Amores Urbanos é uma crônica sobre amizade e sobre a juventude da classe média. Um dos meus mais novos nacionais queridinhos, o longa consegue tratar de assuntos pesados, como homossexualidade, amizade, família, aborto, relacionamentos abusivos, homofobia e solidão, com uma leveza impressionante. Saí do cinema mandando mensagens fofas pros meus amigos e acredito que todo mundo que estava na sala de cinema fez o mesmo. Quando falei sobre ele aqui, comentei também que Amores Urbanos é quase uma declaração de amor à cidade de São Paulo, onde foi gravado, e sigo com a mesma opinião. (Clique para ver a minha lista com 17 motivos para amar morar SP!)
High Strung (Ao Ritmo do Sonho)
País: EUA.
Confesso: essa é a escolha mais parcial dessa lista de melhores filmes de 2016. Isso porque “High Strung” reúne muitos dos elementos que me fazem gostar de um filme inevitavelmente. É uma história de amor, que envolve dança, música, redenção e uma competição. É mais forte do que eu! Alguns exemplos de filmes que não são perfeitos, mas que amo por essa combinação: “Se ela dança, eu danço”, “Em busca da fama” e “Pitch Perfect”. Se esse tipo de filme não é para você, apenas ignore essa indicação e pule para as menções honrosas. Mas se gosta de algum dos filmes que citei… O longa de Michael Damien vai virar seu novo queridinho. Disponível na Netflix, “High Strung” conta a história de como o violinista Johnny e a bailarina Ruby se encontraram, mesmo vivendo realidades completamente diferentes em NYC. Para terminar se sentindo feliz.
Nous trois ou rien (Nós ou Nada em Paris)
País: França.
Percebe-se que 2016 foi um ano de tratar assuntos densos com bastante leveza e sensibilidade. E é assim que eu resumiria “Nós ou Nada em Paris“: densidade, leveza e muita, muita sensibilidade. Hibat, o protagonista, passou anos como preso político do governo iraniano. Após a sua libertação, conhece a geniosa Fereshteh, por quem se apaixona e com quem se casa. Não demora muito para ele voltar a ser procurado. E é aí que eles decidem se mudar para Paris com o filho recém-nascido. O filme é o debut do ator principal Kheiron como diretor. E que entrada triunfal! Nunca imaginei que um filme sobre injustiça, ilegitimidade, guerra, intolerância e exílio pudesse me fazer sair do cinema me sentindo melhor… Mas “Nous trois ou rien” consegue a proeza. E sem parecer forçado ou leviano em nenhum momento.
The legend of Tarzan (A lenda de Tarzan)
País: EUA.
Não torça o nariz ainda. “A lenda de Tarzan” não é *só* mais uma nova versão, ou um remake. É um filme com início, meio e fim dissociados do filme da Disney e do primeiro livro de Edgar Rice Burroughs. Dirigido por David Yates, diretor de Animais Fantásticos e Onde Habitam e dos últimos filmes de Harry Potter, “A lenda de Tarzan” é uma super produção que deu certo. Seja pela fotografia primorosa, pelo bom roteiro, o elenco impecável ou a capacidade de reunir assuntos dramáticos com uma beleza impressionante. Escravidão, racismo, sexismo, preconceito: são muitos os temas (muito bem) abordados no longa que mal chegaram a ser mencionados na animação. A imagem de uma selva que parece viva, arredia e perigosa é de arrepiar, assim como a escolha de não humanizar demais os animais. Uma estrelinha dourada a mais pro casal principal, Alexander Skarsgård e Margot Robbie, e para Samuel Jackson, que brilham em cena. Saí do cinema com o coração preenchido de amor.
Tallulah
País: EUA.
Quando comecei a assistir “Tallulah“, soube de imediato: esse vai ser um dos melhores filmes de 2016 para mim. Não deu outra: o drama da jovem sozinha no mundo que se apaixona e “resgata” a pequena Maddy da mãe ganhou o meu coração. Tallulah (Ellen Paige), ou “Lu”, vai buscar ajuda com Margo, a mãe do ex-namorado, e passa a viver com ela. E é aí que, pela primeira vez, tem a sensação de viver em família. Uma produção original da Netflix, o longa é dirigido por Sian Heder, também produtora de Orange is the New Black. Prepare-se para torcer por Lu, para se apaixonar por Margo (Allison Janney) e para se questionar sobre conceitos como a maternidade compulsória, o instinto maternal, o amor e a família. Lindo, lindo de viver.
Aquarius
País: Brasil.
Polêmico desde antes do lançamento, Aquarius é menos revolucionário do que simbólico. Conta a história da deslumbrante Clara (Sônia Braga) que, no auge dos seus 65 anos, vive sozinha no Aquarius, um edifício em frente à Praia do Pina. O filme traz analogias sobre o tempo, a memória, a diferença entre classes, as lembranças e o afeto. Mais do que tudo, Aquarius fala sobre feminilidade, resistência, força e é praticamente uma ode à beleza de Sônia Braga. O diretor é Kleber Mendonça Filho, do também premiado “O Som ao Redor”.
Julieta
País: Espanha.
Adaptação de “A fugitiva”, um dos melhores livros que já li, Julieta é dirigido por Almodóvar. A escolha não poderia ter sido melhor. O diretor consegue adaptar perfeitamente o livro da canadense Alice Munro, vencedora do prêmio Nobel de Literatura em 2013, às telonas. Assim como o livro, o filme traz uma história que eu amo sobre uma personagem que eu odeio (Antía). É difícil separar os dois, mas, se você conseguir, certamente se apaixonará por “Julieta”. Sem linearidade, o filme revisita o passado de mãe e filha e procura entender em que momento o trem da relação entre as duas descarrilhou.
Menções honrosas: a super produção Doutor Estranho e o filme argentino Truman, que já indiquei aqui.