O culto à beleza é uma questão social, estrutural, política. Não há mulher que não reconheça as opressões da beleza em sua vida.
A expressão “o mito da beleza” surgiu (ou se popularizou) com o livro de mesmo nome, publicado por Naomi Wolf em 1991.
O livro é um compilado sobre como o culto à beleza é uma estratégia política do patriarcado para controlar mulheres. E como esse culto nos impacta em diversas áreas das nossas vidas. No trabalho, no sexo, na cultura, na nossa relação com outras mulheres, com a espiritualidade, com o dinheiro.
A obra tem seus problemas. Eu e Manuela Xavier já começamos o podcast de mesmo tema abordando as polêmicas. Aqui, falarei sobre o mito da beleza como uma realidade feminina. Afinal, não há mulher que não reconheça as opressões da beleza em sua vida.
Beleza, amor & sucesso
As vitórias do homem são do mundo.
Sucesso acadêmico, profissional, financeiro.
As vitórias da mulher são individuais. Beleza, casamento, maternidade.
Desde sempre, aprendemos que o valor feminino é a beleza.
Nos ensinam que a beleza:
– nos torna melhores que as outras;
– é um atalho para o sucesso;
– faz com que sejamos “as escolhidas”;
– garante que seremos amadas;
E, claro, aprendemos que precisa vir junto com a juventude, a magreza, a pureza, a feminilidade.
Não é sobre isso.
Juventude, magreza, pureza, feminilidade.
As exigências do mito da beleza não são sobre aparência e, sim, são sobre comportamento, submissão e uma garantia de que nunca seremos suficientes.
Nenhuma de nós pode parar o tempo para se manter jovem para sempre. Nenhuma de nós pode manter a pureza da infância para sempre. Ou mesmo garantir que esteja sempre atendendo aos ideais subjetivos – e preconceituosos – do que é feminilidade.
Debates sobre cultura da pedofilia à parte (tem IGTV só sobre isso), precisamos encarar o culto à beleza como mais do que uma cobrança para emagrecer ou fazer botox. Porque não é sobre beleza, é sobre controle e o valor das mulheres na sociedade.
Para reflefir e repassar
– A beleza é um mito patriarcal e uma estratégia política para manter mulheres alienadas, ocupadas e mais pobres.
É algo que suga os salários, o tempo, a energia vital feminina e faz com que rivalizemos umas com as outras.
– O padrão de beleza sempre muda.
A única coisa que se mantém é o fato de que nunca chegaremos nele. Sempre vai ser preciso emagrecer, rejuvenescer, tonificar, tingir, esconder, encorpar.
4 perguntas para refletir e repassar
O culto à beleza é uma questão social, estrutural, política. A maioria de nós entende isso.
1. Então, por que ainda é tão comum culpar mulheres que também são cobradas diariamente para se aproximarem de um padrão de beleza inalcançável?
2. Conhecimento, autoestima ou empoderamento conseguem apagar os impactos da pressão estética em nossas vidas?
3. Definir mulheres como fúteis – ou até menos feministas – pelo que fazem com o próprio corpo não seria mais uma forma de julgar mulheres?
4. Ou quem faz isso está lutando contra a pressão estética e não a favor do julgamento feminino?
Já se fez alguma dessas perguntas? Em que situação você mais percebe a influência do mito da beleza em sua vida? Me diga nos comentários! 🗣
Compartilhe, compartilhe, compartilhe. Quanto mais mulheres refletirem sobre isso, melhor! 🧙♀️
Ah! Não se esqueça de acompanhar o @clarafagundes para mais conteúdos feministas e educativos. ✨