As privatizações e o SUS: (ainda) precisamos falar sobre

As privatizações e o SUS

Bolsonaro e Paulo Guedes assinaram, no dia 27/10, um decreto que incluía a principal porta de entrada do SUS (as UBS) no programa de privatizações do governo (PPI).

Era um decreto curtinho, mas claro.

Ele previa a realização de estudos para a transferência “à iniciativa privada, da construção, modernização e a operação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos estados, municípios e Distrito Federal”.

A citação é literal. A repercussão foi negativa e o presidente “voltou atrás” nas redes sociais.

Não podemos descansar!

“Uhu, podemos descansar?!” Longe disso.

As privatizações, não só do SUS, são prioridades declaradas do governo Bolsonaro desde a sua campanha. O decreto não foi publicado levianamente. Inclusive, até o “voltar atrás” do presidente foi estratégico.

Segundo ele, “a simples leitura do Decreto em momento algum sinalizava para a privatização do SUS.”

A afirmação não é verdadeira e reflete uma prática já batida do governo: anunciar uma medida, ser cobrado e basicamente responder que as informações foram um delírio coletivo da imprensa e da oposição.

“Eu? Nunca falei isso! Fake news…”

Por que ser contra a privatização do SUS?

Contradiz a Constituição, que garante: “a saúde é direito de todos e dever do Estado“.

O SUS socorre gratuitamente QUALQUER PESSOA, por meio das ambulâncias do SAMU. Já nos EUA, onde o sistema de saúde é majoritariamente privado, apenas ser transportado por uma ambulância pode custar entre $224 e $2,204.

Significa transformar a saúde e até a vida em um produto, que será administrado mediante as lógicas do lucro capitalista.

É abdicar de qualquer poder de decisão. Hoje, podemos votar em candidatos que coloquem a saúde como prioridade e cobrá-los por isso.

Aumenta o custo de vida básico, num contexto econômico de precarização dos direitos trabalhistas e da aposentadoria. A conta não fecha.

Privatizar o SUS pode significar privatizar também…

– Vacinação.

– Transplante de órgãos, hemodiálise, tratamentos de HIV, tuberculose e hanseníase (exclusivos do SUS).

– Vigilância sanitária de restaurantes, alimentos, água e mercados.

– Acesso a UPAs, SAMU, hospitais públicos, antídotos de animais peçonhentos, testagem rápida de HIV.

– Distribuição de camisinha, anticoncepcional e diversos outros remédios distribuídos nas UBS.

A quem interessa a privatização do SUS?

– Bolsonaro, Paulo Guedes e neoliberais apoiadores do governo.

– Hospitais particulares.

– Indústria farmacêutica.

– Planos de saúde privados.

Vendo este time de apoiadores, não fica difícil responder também outra pergunta essencial:

E a quem não interessa? Isso mesmo, ao povo.

#DefendaoSUS: o que podemos fazer?

Coisas para lembrar/fazer/pensar se você é defensor(a) do SUS:

1. Cobrar: as pessoas em quem votei nas últimas eleições apoiam a privatização do SUS?

2. Não votar em candidatos que apoiam transformar a saúde de pessoas em produto. Novas eleições acontecerão ainda nesse ano.

3. Usar a hashtag #defendaosus, compartilhar conteúdos sobre o assunto, debater com as pessoas ao seu redor.

4. Não esquecer a urgência do SUS só porque Bolsonaro “voltou atrás”.

ALERTA: na mira das privatizações

Privatizações foram colocadas como prioridades do governo. É fundamental ser vigilante também quanto ao seu interesse em entregar à iniciativa privada instituições como:

– Serviço Federal de Processamento de Dados;

– Universidades públicas;

– Correios;

– Telecomunicações Brasileiras S/A (Telebrás).

– Eletrobrás;

– Casa da Moeda do Brasil;

– Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev);

– Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp);

– Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec);

– Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex);

– Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)

Fontes consultadas: Agência Câmara de Notícias; Frente Nacional Contra Privatização da Saúde; Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior; Conselho Nacional da Saúde; Dr. Dráuzio; Varella; Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco); Harvard Business Review; CNN Brasil; International Institute for Middle-East and Balkan studies; The Conversation.

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27 anos, nordestina em SP, publicitária graduada e pós graduada pela USP, escritora e apaixonadíssima por moda, cinema, viajar e sorvete. Fico entediada bem rapidinho com as coisas, então, costumo fazer várias ao mesmo tempo. Vivo à procura de encanto.

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