Uma declaração de quase-amor

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Ninguém costuma falar sobre os amores que quase foram, né? Eles acabam por não ter espaço, entre tantas histórias de amor grandiosas ou em competição com os trágicos amores que terminam todos os dias ao redor do mundo. Mas, hoje, eu venho fazer a minha homenagem aos amores que ficaram presos entre “e ses” e desencontros de timings. Aos amores que teriam acontecido se. Venho fazer a minha primeira e última declaração de quase-amor.

Ao meu quase-amor, que quase me aqueceu no inverno chuvoso de São Paulo. Que teria me apresentado aos jogos do Timão, ao fotogênico Horto Florestal e me levado ao bar mais lotado da Vila Madalena para comer pastel de rodízio.

Ao meu quase-amor, com quem por pouco não viajei num fim de semana qualquer no verão e com quem teria conhecido o mundo se o quase não nos fosse, assim, um companheiro de viagem inseparável como nenhum outro.

Ao meu quase-amor, o meu “e se” favorito, o meu encontro mágico que acabou se transformando em uma boa história para contar – como acontece com todas as coisas mágicas do mundo, se formos parar para pensar. Junto com os contos de fadas, elfos, duendes e bruxas guardarei com brando afeto também essas frases meio tortas sobre o quase-amor, esse ser tão mágico e intangível quanto um unicórnio.

Ao meu quase-amor, prometo cantarolar, desafinada, músicas em diferentes línguas. Pelo caminho do lugar onde planejamos tantas vezes comer kebab juntos, mas nunca fomos. E também, vez ou outra, na volta para casa, onde ele poderia ter deixado alguma lembrança, mas não deixou porque não houve tempo. Ao meu quase-amor, que desapareceu na minha vida quase como se não tivesse vivido comigo alguns punhados de dias.  

A ele, esse ser mágico preso no limbo entre o imaginário e a realidade, desejo menos “e ses” como eu, desencontros e incertezas como fomos. Porém, pouco coerente como sou, desejo também mais saídas dançantes do cinema e mais madrugadas sonolentas iluminadas pela luz rosa do meu quarto. E, assim, entre o quase e o nunca mais, sigo vivendo – sempre em busca de encanto.

Agora, já quase no final da minha quase declaração de amor, preciso dizer que você sempre vai ser a porta bonita que nunca se abriu, o caminho florido que eu nunca trilhei, o sonho verossímil que quase se passou por realidade.

Então, nessa minha vida estranhamente rica em quases, meu quase-amor, fica aqui nesse texto que você não vai ler que você foi o quase que quase fez diferença na minha vida.  

Do seu eterno “e se”,

Clarinha 🌻

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27 anos, nordestina em SP, publicitária graduada e pós graduada pela USP, escritora e apaixonadíssima por moda, cinema, viajar e sorvete. Fico entediada bem rapidinho com as coisas, então, costumo fazer várias ao mesmo tempo. Vivo à procura de encanto.

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